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sexta-feira, agosto 22, 2003

53. Daniel Olivença (L'Homme qui a Mordu le Chien) comenta, numa pequena nota, a questão da relação entre os blogues e a publicação.

Antes dos blogs, as pessoas que queriam ter algo seu lido tinham de passar pelo apertado crivo da publicação. Isso poupava os autores de muitas vergonhas a que agora são expostos.

Autor: Daniel Olivença
Local: Blogue - L'Homme qui a Mordu le Chien
Data: 21 de Agosto de 2003
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52. Uma brevíssima questão de R. (aDeus):

Será o blog, por entre as formas da comunicação, o graffiti dos intelectuais?

Autor: R.
Local: Blogue - aDeus
Data: 21 de Agosto de 2003
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51. O autor chamou-lhe Nome. Trata-se de um breve texto de Pedro Galvão (O Céptico) onde se fala da questão do anonimato no mundo dos blogues e das suas implicações.

A partir de agora, O Céptico surgirá devidamente assinado. Nunca procurei esconder-me, e este país é tão pequeno que, embora eu nem sequer seja conhecido, quem se deu ao trabalho de investigar o assunto descobriu rapidamente quem escrevia este blogue.

A blogosfera no seu pior é isto: escondendo-se cobardemente no anonimato, há gentinha muito doente que opta pelo insulto mais torpe e mesquinho que se pode conceber. (Para quando um Psico[b]logue?) Eu nunca estive perto de insultar alguém, mas, como já me referi aqui a várias pessoas em termos depreciativos, parece-me justo que o faça dando a conhecer o meu nome.

É claro que isto vai estragar um bocado a brincadeira. Dado que a partir de agora O Céptico = PG, deixarei de falar de coisas que na verdade não me aconteceram. (Mas devo dizer, para grande desilusão de alguns, que aquela do teste do Heidegger aconteceu-me mesmo.) Isto, no entanto, não é o pior. O pior é o risco de eu começar a levar isto demasiado a sério. Já levo muitas coisas a sério: tese, manuais, traduções, recensões, revista, dicionários, artigos, aulas e o diabo a sete. Este blogue surgiu como uma maneira de descomprimir de tudo isto com uns comentários informais, umas tiradas de humor duvidoso, umas incursões completamente despretensiosas em território filosófico. Irá continuar assim?

Autor: Pedro Galvão
Local: Blogue - O Céptico
Data: 22 de Agosto de 2003
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51. Num texto recente, a que foi dado o título Blogues, Fernando M. Cameira Fonseca (Blog do Veneno Eficaz) produz algumas considerações sobre a blogosfera.

Tanta gente com tanto para dizer! Porque é difícil a atitude "bloguiana" (neologismo?) numa conversa directa, num encontro de amigos? Parece que hoje existem dois níveis de comunicação principais:
- cara a cara - para as trivialidades, conversas de circunstância, informações práticas, passar o tempo;
- internet - para as considerações mais profundas e pessoais.
Mas há aqui qualquer coisa que não está 100% bem. No cara a cara, num encontro de amigos, sabemos para quem falamos, temos resposta, interacção. Na net, nomeadamente nos ditos blogues, não fazemos ideia se alguém e quem nos lê, se estamos a falar sozinhos; e no entanto é aqui que nos aprofundamos. A net é uma defesa, um muro atrás do qual ousamos e pretendemos ter coisas interessantes a dizer sem necessidade de credenciais? A net satisfaz o nosso desejo obscuro de ser uma voz com auditório universal em vez de se ficar pelo grupo de conhecidos? Dá-nos a ilusão de um espaço nas vozes que se escutam? A net é o nosso cantinho seguro para sermos o escritor que sempre sonhámos ser?
Não serei eu quem vai desvender este mistério. Fica só a preocupação.

Autor: Fernando M. Cameira Fonseca
Local: Blogue - Blog do Veneno Eficaz
Data: 18 de Agosto de 2003
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quarta-feira, agosto 20, 2003

50. Nuno Dempster (Palavras & Letras) tentou, em duas notas recentes, produzir uma tipificação de alguns modelos de blogues (aqui, aqui e aqui). Nessas notas distingue três modelos frequentes de blogues: os «magnifierblogs», os «bunkerblogs» e os «obviousblogs».

Os Magnifierblogs. Também há blogues dedicados a verem, à lupa, os micro-sucessos, sobretudo políticos, do nosso inglório e pequeníssimo quotidiano.

Os Bunkerblogs. Há blogues que se dedicam à guerra das polémicas, e se me pelo por uma polémica (embora fuja delas como o diabo da cruz), já dificilmente as suporto como um modo de estar. Esses blogues parecem bunkers a trocar entre si rajadas de balas tracejantes que são as suas palavras.

Os Obviousblogs. São aqueles em que o conselheiro Acácio escreve. Também os visito, claro, quando busco gente menos óbvia. E às vezes até volto a eles. Porque, afinal, são parte da "nossa" Blogolândia. E há-os com muita fama e maior prestígio, cuidadosamente cultivados ao espelho. "De primeira ordem", ouço o conselheiro. A estes visito-os de propósito.

Autor: Nuno Dempster
Local: Blogue - Palavras & Letras
Data: 19/ 20 de Agosto de 2003
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49. POS (Cerco do Porto), produziu algumas considerações sobre a blogosfera num texto que titulou Early, late... que é que isso interessa?....

Já disse aqui que os blogs são cíclicos. Cada um baralha e volta a dar, conforme os objectivos que tenha. Objectivos, evidentemente. Ter objectivos é ter um propósito, bem definido ou difuso, escondido em palavras soltas, aqui postas quando está mais fresco e o vento murmulha nas copas das árvores, ou quando está mais quente e o gelo tilinta nos copos de gin. Há sempre um propósito qualquer. Pode ser a criação de um novo espaço para fazer política, um espaço de liberdade meticulosamente calculada (falsa liberdade, pois). Pode ser a busca de uma alternativa literária, um banco de ensaios. Pode ser a criação de uma pequena legião de seguidores, a simples marcação de presença num novo meio, a rejeição do esquecimento enquanto possibilidade a que nos sujeitamos. Pode ser isso tudo. Ou outro tudo qualquer. Um blog diz, na essência, muito de quem o faz. Não nos propósitos enunciados. Na essência, que nunca está lá claramente traçada. Na essência respeitada desde que ignorada. Quando um blog é de alguém que dá a cara, então, a coisa obedece muito mais a um objectivo. Ninguém escreve rigorosamente o que lhe passa pela cabeça, pois todas as palavras são medidas em função do propósito que se tem. Ou faz-se como o Pipi, e fica-se, enquanto Pipi, amarrado a uma linha criativa de ilusória liberdade mas essencialmente limitativa e secreta para sempre. Os textos sobre blogs raramente são inocentes (Homessa! Então este não é um texto sobre blogs?...). Nada inocente, por exemplo, é o fingimento de desinteresse, ou o fingimento de uma atitude acima da mesquinhez que traça a rota terrena do cidadão comum. Causa-me náuseas, NÁUSEAS, ver que alguém que equaciona publicar isto em livro, valendo-se dos privilégios de identidade, escreve no seu blog a incoerência que se segue (porque ele próprio tudo faz para ser notado e para ser citado, para ser a referência entre as referências, aparentemente indiferente, superiormente alheado...): “Tenho também muito pouca curiosidade em saber de quem são os blogues, atitude que não é partilhada por muitos, para quem a identidade do seu autor se sobrepõe a tudo e procuram afanosamente saber quem está por detrás de um pseudónimo.” E outros seguem caminhos parecidos, não iguais (talvez haja diferenças entre boas e más pessoas) mas semelhantes na essência da promoção pessoal, da legítima expectativa dos autores, gritar à boca de uma caverna e ouvir a maior quantidade possível de ecos. É legítimo, pois, mas não deve ser escamoteado para que não se caia no ridículo. Convençamo-nos, porém, de algo muito importante: um autor não é, necessariamente, a pessoa que lhe dá forma; um autor pode significar uma enorme esperança na espécie humana, mas quando temos a oportunidade de contactar a pessoa de pele e osso concluímos que, afinal, a pessoa pode ser desinteressada, sobranceira, pode ignorar instituições que devia respeitar por isto ou por aquilo, pode confundir coisas com pessoas, fazer birra, trepar para um pedestal de areia molhada e pensar que está na firmeza de um bloco de pedra. A pessoa é, afinal, uma pessoa. Podemos ou não gostar dela, mas temos de estar preparados para a eventualidade de o autor que admiramos estar longe da pessoa que idealizamos.

Autor: POS
Local: Blogue - Cerco do Porto
Data: 20 de Agosto de 2003
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48. JMF (Terras do Nunca), num pequeno apontamento intitulado Eu e o meu blogue, escreveu agora sobre a sua relação com o seu blogue e o mundo dos blogues.

Todos os dias visito o meu blogue. Se escrevo à noite, vou lá de manhã. Se escrevo de manhã, vou lá à tarde.
Penso que não será por narcisismo. Bom, pelo menos, não será por narcisismo em excesso. Também não é para inchar os famosos contadores. Afinal de contas, só lá vou duas ou três vezes por dia.
Vou lá para caçar uma outra gralha e também para me assegurar de que ainda concordo com o que escrevi. Até agora, não tenho tido razões de queixa.
Vou lá (mas que digo eu? Venho cá, assim é que é...) por causa de um pesadelo secreto que me persegue. Escrevemos num espaço que não nos pertence e que, ao contrário do que alguns pensam, tem dono. No caso, é a Blogger, uma empresa detida pelo Google.
Ora o meu pesadelo é que esse senhores não gostem do que escrevo, da minha cara ou da falta dela, e entrem por aqui dentro, desarrumem a casa, deitem a casa abaixo... Um pesadelo que não me larga.

Autor: JMF
Local: Blogue - Terras do Nunca
Data: 20 de Agosto de 2003
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47. O Nuno do Noctívago publicou agora uma pequena nota sobre o que julga ser o perfil típico dos bloggers.

Naveguei pelos blogs que aliatoriamente me foram aparecendo. Meia hora, uma hora talvez. E já tenho o perfil da maioria. Mulheres acima dos 30 anos, muitas divorciadas, muitas desesperadas, homens que trabalham no jornalismo ou gostavam de trabalhar, literatos frustrados e adolescentes com problemas existênciais. E pouco mais.

Autor: Nuno
Local: Blogue - Noctívago
Data: 18 de Agosto de 2003
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terça-feira, agosto 19, 2003

46. O Blog de Notas recuperou agora um texto antigo de John Hiler publicado , a 22 de Maio de 2002, na «Microcontent News: The Online Magazine for Weblogs, Webzines, and Personal Publishing». Intitulava-se «Blogosphere: the emerging Media Ecosystem». Entre outras coisas, dizia assim:

Like any ecosystem, the Blogosphere demonstrates all the classic ecological patterns: predators and prey, evolution and emergence, natural selection and adaptation. I've often thought that anthropologists were best equipped to deconstruct the emerging blogging sub-culture, but now I'm convinced I got it wrong: the greater mysteries of the Blogosphere will be unlocked instead by evolutionary biologists.
(...)
Like any ecosystem, the Blogosphere has a life of its own, one that's more than the sum of its weblogs. You can't understand a jungle by studying a single jaguar, and in the same way you can't understand the Blogosphere by studying a single weblog. Surfing the Blogosphere you can see evolutionary forces play out in real time, as weblogs vie for niche status, establish communities of like-minded sites, and jostle for links to their site.


Autor: John Hiler
Local: Microcontent News
Data: 22 de Maio de 2002
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segunda-feira, agosto 18, 2003

45. José Fernando Guimarães(Estudos Baudelaireanos), debruçou-se sobre o mundo dos blogues avançando algumas notas para a compreensão do fenómeno num texto intitulado O que é um Blog?.

Aparentemente, um blog é um exercício narcísico. Mas, se o fosse completamente, publicar também o seria – melhor, seria fundamentalmente um exercício narcísico. O que não é completamente verdade. Donde, um blog não é um exercício narcísico total nem radical.
Também aparentemente, um blog é uma agenda. Uma agenda onde se vai tomando nota de várias coisas, de várias perspectivas, de vários modos de olhar. Numa escrita com o seu quê de fragmentário. Numa escrita com o seu quê de aforismo. Numa escrita com o seu quê de abrir a alma. Mas, se repararmos bem, um blog não abre a alma, abre o corpo. O que não cabe no modelo clássico de escrita fragmentária – de que Benjamin seria o exemplo total e radical. O que não cabe no modelo clássico de diário (tão falado nalguns blogues). Donde, um blog mais do que um diário, é uma agenda: para ler e deitar fora, pelo menos no ano seguinte, se não for no mês ou no dia seguinte.
Por isso, um blog se aproxima tanto da arte contemporânea. Aí interrogou- se e acabou-se por decretar o fim da pintura. Um blog é, de facto, o fim da escrita, a escrita tornada fantasma, sombra, mesmo a sombra de Narciso. Porque um blog é o efémero, tornado efémero – uma sombra, portanto. Porque um blog é um corpo, a escrita feita corpo – como em Duras ou Clarisse Lispector, por exemplo. Porque um blog é a ruptura definitiva com a edição, na sua interpretação clássica. Porque um blog é a pura contingência. Porque um blog é a democratização levada ao limite. Ou seja, um blog é o terror(ismo). O que nos leva a 1789, esse ano zero da história e do início do modernismo. O que nos leva a 1968 e aos textos de Guy Debord. Ou, mais lá para trás, a Baudelaire – ao contingente, ao transitório, ao efémero. Que é o que assina a cena artística de 68 em diante.

Autor: José Fernando Guimarães
Local: Blogue - Estudos Baudelaireanos
Data: 18 de Agosto de 2003
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44. BrainstormZ (Tempestade Cerebral), dedicou algumas linhas ao metabloging.

No que respeita à blogesfera ainda estou na fase de infância mas, pela falta de tempo, já tive de desenvolver um método de consulta de outros blogs. Assim, dou mais atenção aos blogs cujos posts não se desviam de um determinado tema.
Quando selecciono um link do menu de Favorites/Blogs gosto de saber, com antecedência, que tipo de posts vou encontrar. É uma forma de organização a que estamos habituados no nosso dia-a-dia: publicações especializadas e artigos divididos por secções nas publicações generalistas (tanto em formato papel como digital).

Cada blogger, como qualquer ser humano, tem uma opinião sobre inúmeros assuntos. A grande maioria exprime essa variedade de opiniões nos seus blogs o que - caso esteja à procura algo específico - torna a consulta destes um pouco caótica e ineficaz. Mas existem uns poucos bloggers que, pelas suas qualidades literárias, conseguem obter algum “estatuto social” que os diferencia dos restantes. São exemplos José Pacheco Pereira (Abrupto) e Pedro Mexia (Dicionário do Diabo e ex-Coluna Infame).
Uma pequena minoria consegue restringir os seus posts a um só tema - maior eficácia em captar a atenção de leitores com falta de tempo. Um excelente exemplo é o Vítima da Crise, diário de um desempregado (espero, contudo, que ele consiga, brevemente, passar a denominar-se ”diário de um empregado”).

O sucesso da blogesfera portuguesa depende, na minha opinião, das seguintes estratégias:

1. Blogs de referência - como o blogo, blogs em .pt, bloco-notas, posto de escuta, etc - que apresentem links para determinados posts de bloggers segundo critérios idênticos às secções da comunicação social escrita (Política, Sociedade, Economia, Desporto, Humor, etc) - para abranger toda a blogesfera portuguesa serão necessários contribuintes com tempo para navegar e facilidade em “catalogar” posts;

2. Blogs generalistas cujos posts continuem, pela sua qualidade, a apresentar opiniões sobre variados assuntos (e, complementarmente, a fornecerem links a blogs e artigos de interesse) - como o Abrupto, Conversas de Café, País Relativo, Dicionário do Diabo, Jaquinzinhos, O Intermitente, etc;

3. Blogs especializados em determinado tema - como o De Direita, De Esquerda, Blog de Esquerda, Liberdade de Expressão (Política); Vítima da Crise, Venda-se, Direito & Economia (Economia); O Projecto (Arquitectura); gildot, mac (Tecnologia); Terceiro Anel, Bola Verde, Caderneta da Bola (Futebol); Blogue dos Marretas, Desactualizado e Desinteressante, Gato Fedorento, O Meu Pipi (Humor); etc.

Nota final: este blog tenta posicionar-se na terceira estratégia citada: no meu caso Gestão e Marketing - já por si só conceitos que podem ser aplicados a uma grande variedade de assuntos.

Autor: BrainstormZ
Local: Blogue - Tempestade Cerebral
Data: 19 de Agosto de 2003
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domingo, agosto 17, 2003

43. Francisco José Viegas (Aviz), escreveu uma pequena nota - que titulou Blogs - sobre a manutenção de um blogue.

Manter um blog cria exigências. Não é uma descoberta, mas uma espécie de rendição. Muitas vezes, a meio da noite — enquanto aguardo notícias soltas —, aparece uma grande vontade de escrever; de outras, nem tanto. Às vezes, nenhuma vontade. E, depois, uma pergunta: «Quando escreves o que tens mesmo de escrever?» Esta pergunta deixa rasto. Exigências.

Autor: Francisco José Viegas
Local: Blogue - Aviz
Data: 16 de Agosto de 2003
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sábado, agosto 16, 2003

42. Joaquim Amado Lopes, do Diário Digital, dedicou um pequeno espaço aos blogues num artigo intituladoOs blogues e a Assembleia da República.

A primeira vez que ouvi falar dos "blogues" não resisti e fui logo ver. Devo confessar que demorei algum tempo até perceber o que era um "blogue". Afinal, supostamente os "blogues" eram algo moderno, inovador e interessante e o que eu via era simplesmente uma vulgar página web, onde o "bloguista" publica artigos, numa versão simplificada (e extremamente limitada) de um vulgar forum, como aqueles que se encontram em inumeros sites. Em alguns blogues, nem sequer se pode comentar os artigos.

Finalmente percebi. Os "blogues" têem realmente algo de moderno, inovador e interessante: o nome! De resto, são tão inovadores quanto cantar em vez de falar ao telefone. Não são funcionais como espaço de debate. Estão mesmo a anos-luz da Usenet.

Não são funcionais como repositório de informação. Os artigos são publicados sequencialmente, numa única página. Não são funcionais como espaço de notícias. Não têem organização além da cronológica.

Afinal, servem para quê? Bem, servem para os "bloguistas" publicarem os seus pensamentos, de forma mais ou menos regular (supõe-se que diariamente), o que quer dizer que, com honrosas excepções, os "blogues" são especialmente interessantes para os respectivos autores e mais ninguém. Acredito mesmo que a maior parte das visitas à maior parte dos "blogues" são feitas por quem os escreve, com excepção das alturas em que são referidos na comunicação social.

Foi assim sem qualquer surpresa que soube que a AR votou por unanimidade a criação de uma "blogosfera" para os deputados da Nação. É que a AR só vota qualquer coisa por unanimidade quando:

1. É algo inócuo, tal como louvores a falecidos ou a feitos desportivos ou científicos;

2. É no interesse dos deputados, tal como aumento de salários ou regalias;

3. Fica bem na comunicação social mas não dará nenhum resultado, porque nunca chegará a ser regulamentado e todos se esquecerão;

4. Ou quando não percebem o que estão a votar. Ou seja, por ignorância.

Como os deputados são, na sua grande maioria, info-iliterados (ignorantes no que diz respeito à informática) é pouco provável que sejam mais de meia-dúzia os deputados a criar "blogues". Os dois ou três que estariam realmente interessados em criar e manter o seu "blogue" já o terão feito em 2006. Sim, em 2006. É que a decisão é de criar uma "blogosfera" parlamentar para a próxima legislatura. Isto apesar de uma "blogosfera" ser algo tão simples técnicamente que qualquer aprendiz de webmaster a poderia criar em duas ou três semanas.

Os deputados poderiam ter decidido a criação de um espaço de verdadeira informação. Um espaço, no site da AR, com informação sobre cada deputado (incluindo o contacto), as suas iniciativas legislativas, intervenções, votos, viagens, etc. Mas isso não teria um nome tão "cool" quanto "blogue". E, afinal, quem é que estaria interessado em aceder a informação sobre o que os deputados fazem enquanto tal?

Autor: Joaquim Amado Lopes
Local: Jornalismo Digital - Diário Digital
Data: 14 de Agosto de 2003
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terça-feira, agosto 12, 2003

41. Jill Walker (jill/txt) publicou há algum tempo atrás, no seu blogue, uma definição de 500 palavras do termo «weblog», para ser incluída como uma das inúmeras entradas na postcoming Routledge Encyclopedia of Narrative Theory.

A weblog, also known as a *blog, is a frequently updated website consisting of dated entries arranged in reverse chronological order so that the reader sees the most recent post first. The style is typically personal and informal. Freely available tools on the World Wide Web make it easy for anybody to publish their own weblog, so there is a lot of variety in the quality, content and ambition of weblogs, and a weblog may have anywhere from a handful to tens of thousands of daily readers. Weblogs first appeared in the mid-nineties and became more widely popular as simple and free publishing tools such as Blogger.com became available towards the turn of the century.

Examples of the genre exist on a continuum from online *diaries that relate the writer’s daily activities and experiences to less *confessional weblogs that comment and link to other material, discuss a particular theme or function as soapboxes. In addition to the dominant textual form of weblogs there are experiments with adding sound, images and videos to the genre, resulting in photoblogs, videoblogs and audioblogs.

Each entry in a weblog tends to link to further information. Weblog authors also link to other weblogs that have dealt with similar topics, allowing readers to follow conversations between weblogs by following links between entries on related topics. Readers may start at any point of a weblog, seeing the most recent entry first, or arriving at an older post via a search engine or a link from another site. Once reading a weblog, readers can read in several orders: chronologically, thematically or searching by keywords. Weblogs also generally include a blogroll, which is a list of links to other weblogs the author recommend, and many weblogs allow readers to enter their own comments to individual posts.

Weblogs are serial and cumulative, and readers tend to read small amounts at a time, returning hours, days or weeks later to read entries written since their last visit. This serial or episodic structure is similar to that found in *epistolary novels or *diaries, but unlike these a weblog is open ended, finishing only when the writer tires of writing.

Many weblog entries are shaped as brief, independent narratives. Some weblogs create a larger frame to these micro-narratives by using a consistent rule to constrain their writing. Francis Strand connects his stories of life in Sweden by ending each with a Swedish word and its translation. Other weblogs connect frequent but dissimilar entries by making a larger narrative explicit: The Date Project documents a young man’s search for a girlfriend, Julie Powell narrates her life as she works her way through Julia Child’s cookbook while Flight Risk is about an heiress’s escape from her family.

Further Reading
Anonymous (2002) The Date Project. http://thedateproject.blogspot.com/
Lejeune, Philippe (2000) “Cher écran...” Journal personnel, ordinateur, Internet. Paris: Éditions du Seuil.
Strand, Francis (2003) How to Learn Swedish in 1000 Difficult Lessons. http://francisstrand.blogspot.com/
V., Isabella (2003) She’s a Flight Risk. http://shes.aflightrisk.org
Powell, Julie (2003) The Julie/Julia Project. http://blogs.salon.com/ 0001399/

Autor: Jill Walker
Local: Blogue - jill/txt
Data: 28 de Junho de 2003
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40. Pedro Correia publicou agora um pequeno artigo sobre a blogosfera no Diário de Notícias. Intitula-se Blogo, logo existo.

José Pacheco Pereira deu o mote. Há escassos meses, o eurodeputado do PSD lançou entre nós a moda dos blogues. Uma moda que pegou depressa e bem: muitos outros lhe seguiram o exemplo _ figuras conhecidas ou ilustres anónimos, gente de todas as idades, intelectuais das mais diversas tendências disputam tempo e espaço na Internet com os seus blogues. Adaptando a epistolografia à era da informática e desenterrando o prazer da polémica, que parecia quase adormecido entre nós.

O que é um blogue? No fundo, trata-se de um simples diário pessoal, mas com a particularidade de ser acessível ao universo de utilizadores da Internet. Há blogues de todas as cores e para todos os gostos. Enquanto a esmagadora maioria das colunas de opinião impressas nos jornais é cinzenta, conformista e previsível, os textos que circulam na blogosfera caracterizam-se pelo seu estilo vibrante e polémico. Nenhum tema é evitado nem nenhum ângulo deixa de ser abordado pelos blogonautas, que desencadeiam reacções em série. Sobretudo quando estão em causa questões políticas.

A política é um tema muito em foco nos blogues. Pacheco, que também neste caso deu o pontapé de saída, gosta de discorrer sobre as relações entre políticos e jornalistas, entre uma ou outra bicada ao Governo. «Gostava de saber em quantos sítios vai ser proibido o uso de foguetes», ironizava ontem no seu Abrupto, talvez o mais conhecido de todos os blogues.

Outro assunto quente da nossa vida política que mereceu recentes comentários foi o jantar dos generais contra o ministro da Defesa. «Generais no activo e na reserva fazerem um jantar conspirativo não é um sinal saudável numa democracia estabilizada», opinou Pedro Mexia, autor do blogue Dicionário do Diabo. Um blogue também muito popular é o Gato Fedorento, que tem quatro autores: José Diogo Quintela, Miguel Góis, Ricardo Araújo Pereira e Tiago Dores. Um deles escrevia assim sobre a controversa questão das escutas ao líder socialista: «Ferro Rodrigues devia conseguir ver a vantagem de ter sido alvo de mais de 1800 escutas. O líder do PS nunca mais terá que se deslocar ao DIAP para prestar declarações. Neste Verão, pode estar de papo para o ar numa praia das Caraíbas e, quando quiser dizer alguma coisa ao juiz Rui Teixeira, é só pegar num telemóvel e telefonar a um amigo.»

Eis outra característica comum a muitos blogues: o sentido de humor. Cruzar a política com a ironia é a opção de Pedro Lomba, no blogue Flor de Obsessão, e dos anónimos autores dos blogues dos Marretas e Terras do Nunca. Cada qual à sua maneira, todos estão a contribuir decisivamente para alterar a substância e o tom do debate político em Portugal.

Autor: Pedro Correia
Local: Imprensa - Diário de Notícias
Data: 11 de Agosto de 2003
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39. Luis Delgado, o controverso articulista, acaba de publicar uma brevíssima nota sobre os blogues no Diário Digital.

Anda uma grande excitação nos jornais portugueses sobre os «blogs», como se fossem uma novidade em Portugal. O «Diário Digital» disponibilizou esse serviço de weblogs no início de 2002, e sempre foi um sucesso. Permite a expressão directa dos leitores, reflexões sem intermediários, e a liberdade total de escrita. Tem um inconveniente para os comentadores «oficiais» e pagos: é que se passam a usar os blogs, deixam de ter interesse e valor. A que título é que os jornais, televisões ou rádios investem em líderes de opinião que opinam gratuitamente? É por isso que os blogs são um extraordinário sucesso popular desde 2001, noutros países, e em Portugal, mas nunca para «opinion makers».

Autor: Luis Delgado
Local: Jornalismo Digital - Diário Digital
Data: 11 de Agosto de 2003
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terça-feira, agosto 05, 2003

38. Pepe Canastro (Conversa da Teta) colocou agora uma questão que tem procurado explorar: («quem governa a blogosfera portuguesa?»).

À primeira vista poder-se-ia considerar que a blogosfera seria uma sociedade de igualdade avançada, sem poderes ou privilégios particulares. No entanto, poderão colocar-se algumas questões:
1- Poder-se-á descortinar uma elite mais ou menos oculta no coração da blogosfera?
2 - Haverá concentração de poder e privilégios (eg: visibilidade externa) num relativamente reduzido número de blogs?
3 - Se sim, estes estão conscientes disso e tentam manter o seu status?
4 - Existem grupos de blogs que de alguma forma dominam (ou tentam dominar) a blogosfera?

Se é verdade que há quem esteja na blogosfera, fundamentalmente, para se divertir (como há quem assim esteja na vida) não me parece menos verdade que há quem, legitimamente, por cá ande muito a sério e até alguns que, para além de estarem a sério, estão de uma forma elitista. Também me parece natural que existam grupos, mais ou menos informais, de blogs amigos.
Por outro lado, é possível que apareçam grupos organizados de blogs (deste tipo apenas tenho conhecimento da existência de uma UBL ). Alguns dos objectivos de organizações deste género poderão ser, entre outros, os seguintes:
- Introduzir alguma forma de auto-regulação;
- Defender interesses (à semelhança de organizações existentes na sociedade civil);
- criar um centro coordenador de uma elite de blogs;
(...).
Seja como for, poderão surgir organizações de blogs que se considerem com capacidade, saber, autoridade... para "governar" a blogosfera, ou que visem a materialização de um grupo dominante de blogs unidos pela posição política ou outra, em que a grande maioria das disputas ou polémicas se façam dentro do seu próprio núcleo.
Terão de concordar que não deixa de ser curioso e interessante...

Autor: Pepe Canastro
Local: Blogue - Conversa da Teta
Data: 31 de Julho de 2003
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37. Pedro Caeiro (Mar Salgado) produziu, a partir do texto do controverso texto de Eduardo Prado Coelho, algumas observações breves em redor do mundo dos blogues.

A blogosfera tem discutido com frequência a relação entre os blogues e a chamada imprensa tradicional e, mais recentemente, o texto de Eduardo Prado Coelho no Público de ontem (dispenso-me de remeter para os blogues que o fizeram, pois seria mais simples elaborar uma lista dos que não comentaram o facto). Todavia, e com a devida vénia a todos, creio que o texto de EPC contém duas dimensões que ainda não foram totalmente exploradas.
Em primeiro lugar, apesar do muito respeito que tenho pelo colunista (...), parece-me que a sua análise do fenómeno bloguístico deixa muito a desejar. Certo que é um texto assumidamente "didáctico", uma pequena introdução elementar à blogosfera para leigos. Mas a perspectiva de que parte é, a meu ver, errada, porventura prejudicada pelo mal-disfarçado despeito de EPC sobre os blogues e os seus autores, presente logo no título em pseudo-papiamento ("Blogue Blogue").
Tudo gira à volta da descrição dos blogues como "espaços (...) onde uma pessoa ou grupo de pessoas se sente autorizado a escrever" (itálicos meus), por contraposição à imprensa tradicional, onde vigoraria uma "complexa malha de legitimações", uma ascensão lenta e difícil e uma presença "assídua e responsável", que resultariam numa legitimação objectiva (estar autorizado a escrever).
Pois bem. Sucede que, como EPC bem sabe, não é verdade que a imprensa tradicional seja um mundo meritocrático; há lugar, como em todos os outros sectores sociais, para os parceiros ideológicos, os conhecimentos, os escreve-benzinho-e-é-filho-de-fulano-de-tal, independentemente do seu mérito pessoal. Depois, o blogger não tem um défice de legitimação (de estar autorizado a escrever) porque, pura e simplesmente, não precisa dela: não se enquadra numa instituição; não é pago pelo que escreve; não tem que respeitar uma linha editorial; não tem compromissos com os seus leitores, reais ou supostos; e, not the least, não produz ruído indesejado, ao invés do que sucede com a rádio e com a televisão (por que razão tenho de ouvir os comentários de Carlos Magno no táxi ou de gramar Conceição Lino na TV do restaurante?): é preciso procurá-lo na sua toca. Neste sentido, a comunicação na blogosfera é muito mais genuína e arriscada do que a da imprensa tradicional, porque a legitimação do blogger é, exclusivamente, pessoal (...).

Autor: Pedro Caeiro
Local: Blogue - Mar Salgado
Data: 2 de Agosto de 2003
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segunda-feira, agosto 04, 2003

36. Américo de Sousa (Retórica e Persuasão) promove, a partir do texto de Eduardo Prado Coelho, uma reflexão em torno da blogosfera. O Texto intitula-se «Serão os blogues um verdadeiro acontecimento? (2)».

Sou um leitor compulsivo de Eduardo Prado Coelho. Admiro tanto a sua quase temível erudição como, principalmente, o que faz com ela. É, provavelmente, a pessoa que em Portugal melhor diz e faz retórica. Retórica, aqui, no seu sentido mais nobre, isto é, como ciência da argumentação ou persuasão discursiva. Outra coisa é, claro, concordar ou não com os seus pontos de vista. Desta vez, não estou de acordo. Vejamos porquê:

Em primeiro lugar, EPC começa por afirmar que os blogues e o chá verde são duas realidades "extremamente importantes". Repare-se: não apenas importantes, mas muito mais que isso, extremamente importantes. Seria de esperar então que mais adiante justificasse tal afirmação ou que, no mínimo, não a pusesse em causa. Mas o que EPC faz, de imediato, é uma comparação do que acontece nos actuais blogues com o que se passava, segundo diz, no espaço mediático de "outrora", comparação esta que objectivamente visa desvalorizar os blogues inicialmente exaltados. Para o efeito, põe em causa a legitimidade (ou competência?) de quem neles escreve, ao mesmo tempo que lança o anátema da falta de um controlo de qualidade, quando opina, por exemplo, que, na blogosfera, "Não é preciso articular bem os textos". Ora, salvo melhor opinião, daqui decorre uma notória contradição lógica entre a afirmação inicial de que os blogues são "extremamente importantes" e a aberta condenação a que os sujeita na parte final da sua crónica.

Em segundo lugar, o argumento do autor do blogue "sentir-se autorizado a" escrever sobre todos os assuntos que lhe interessam parece, em grande medida, irrelevante, pois no que toca à "complexa malha das legitimações" nem a sua ausência nos blogues se traduz, necessariamente, por falta de legitimidade (e competência) para neles escrever seja o que for, nem a sua existência no espaço mediático de "outrora" a outorgava automaticamente.

Quanto ao mais, dizer que nos blogues "Não é preciso articular muito bem os textos. Pode ser uma observação verrinosa, um comentário sardónico. Pode usar toda a agressividade que quiser, porque isso faz parte das regras do jogo", só se compreende se conjugado com a confissão de que "nem mesmo leio com regularidade os blogues dos outros. Não tenho tempo". Porque, basicamente, o problema não difere: se o autor de um blogue quer ser lido, tem que se adaptar e agradar ao auditório. Tal como um jornal tradicional tem que responder aos interesses do seu público-alvo. Mas afirmar que, nos blogues, usar toda a agressividade que quiser faz parte das regras do jogo é algo que só estará ao alcance de quem não ande mesmo por cá.

Por último, não há já qualquer dúvida de que os blogues sejam um acontecimento. Muito menos se o único critério a considerar for o de condicionarem o que se pensa e escreve. O caso parece-me tão evidente que só avançaria para a prova se ela viesse a ser suscitada. Mas julgo que só não se dá conta disto quem não edita um blogue, o que é natural. Falta, isso sim, é caracterizar adequadamente este acontecimento. E essa é uma das tarefas que está em curso, nomeadamente, no seio do já tão famoso metabloguismo. Aguardemos, então.

Autor: Américo de Sousa
Local: Blogue - Retórica e Persuasão
Data: 4 de Agosto de 2003
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35. Francisco José Viegas (Aviz), a partir de uma breve análise ao texto de Eduardo Prado Coelho n'O Público, produz algumas observações de interesse no que respeita aos blogueiros e aos blogues num post intitulado Late Night Blogs.

LATE NIGHT BLOGS. Às vezes, e isso não é só por causa do calor, escreve-se mais. Há vento, finalmente, a esta hora. Eduardo Prado Coelho escrevia recentemente sobre os blogs, no Público, acentuando o seu (dos blogs) lado mais libertino. Para Eduardo, há um problema a ter em conta, o de muitos dos bloggers «se sentirem autorizados a escreverem» sobre o que quer que seja. Não sei se isso é mau. Antigamente, antes de poder escrever «uma opinião» era preciso passar por uma série de rituais, etapas, trabalhos, sanções, ajustes, aprendizagens públicas, etc. Mas tratava-se da imprensa, onde deve existir essa série de exames e de admissões; não de blogs. Os bloggers escrevem. Muitos deles (ao contrário das preocupações que o Eduardo anota) nem sequer se preocupam em ser conhecidos ou em mostrar o seu nome. Pelo contrário: há na revelação do nome (em casos como o de Pacheco Pereira, Bragança de Miranda, etc.) o reconhecimento de uma proximidade com autores anónimos que escrevem porque escrevem e porque ninguém pode impedi-los, nem a moral nem os sacerdotes (apenas nós podemos não lê-los). Que escrevem porque estão acordados a meio da noite e escrevem com e sem esperança, com insónia ou com medo, com preocupação ou à medida que assumem o direito a serem humanos, inteiramente humanos. Ter nome ou não ter nome é — tirando essa revelação de humanidade — um assunto sem interesse. Nem sei se é moda, isto dos blogs. Nem me interessa. Dura enquanto durar. De vez em quando, a meio da noite, no meio das insónias, penso em não voltar — porque cada palavra que se deixa no blog é um recado. E, quando não é um recado, pode ser lida como um recado. E porque há desânimos inexplicáveis, tal como há entusiasmos adolescentes. E porque vamos envelhecendo e a energia varia consoante o que se já se escreveu, o que já se leu, o que vamos adivinhando no mundo das previsibilidades. Dura enquanto durar. Depois acaba, como tudo. Mesmo se este Verão for aquele — para retomar a crónica de EPC — que mais tarde retomaremos com aquela pergunta: «Lembras-te daquele Verão em que se falava muito de blogs?» E se for assim? E se um milhar de portugueses tiver descoberto neste Verão — mesmo que seja só neste Verão — o prazer adolescente de escrever, de dizer, de mostrar uma frase, de deixar um recado? E se for assim, onde está o pecado? Teremos de transportar connosco a mágoa da eternidade?
Aliás: não é preferível recuperar a adolescência de vez em quando a seguir o curso daquele envelhecimento inevitável que nos torna mais impacientes, casmurros, cínicos? Por isso, dura enquanto durar, escreve-se todos os dias ou só de vez em quando, escreve-se sobre livros ou sobre o amor perdido, sobre música ou o amor reencontrado, deixa-se uma citação de que se gosta ou uma citação que se finge conhecer de há muito. Não é isso mais saudável do que tentar enganar a eternidade fingindo que só se escreve para a eternidade?
E outro pormenor: a preocupação com a audiência. Não deve isso ser um critério flutuante? Há quem goste do «sitemeter» e quem recuse (como eu). Há quem aceite comentários livres e quem não queira. É isso tão determinante? E é assim tão grave se andarmos aqui a escrever uns para os outros, na «blogosfera», essa «ondulação estival»? Para quem se há-de escrever? Para quem cá anda, para quem aparece, para quem pisca o olho e diz «ontem li o teu texto» ou para quem vem às escondidas, para quem telefona, para quem se importa. «Escrevem uns para os outros.» Não me lixem. Claro que escrevemos uns para os outros. Claro que escrevemos para os outros. E, dado que o mundo é como é, escreve-se sobre política, sobre incêndios florestais, sobre Salinger, sobre música, sobre comida, sobre charutos, sobre o que passa, sobre os outros.

Autor: Francisco José Viegas
Local: Blogue - Aviz
Data: 3 de Agosto de 2003
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domingo, agosto 03, 2003

34. ANS, o Carimbador do blogueO Carimbo produziu agora, num post intitulado A Blogosfera e Eu, alguns comentários sobre o mundo dos blogues.

Já aqui relatei como aconteceu a minha entrada na blogosfera, mas nunca revelei o que me fascina neste mundo. Também nunca escrevi sobre as minhas expectativas relativamente ao meu blog e à blogosfera em geral. Estes são assuntos que têm sido largamente debatidos e é, por isso, difícil introduzir elementos novos na discussão. No entanto, aqui fica mais uma modesta contribuição.
Como o leitor já deverá ter percebido, se for um visitante assíduo do Carimbo, eu resido há já alguns anos em Inglaterra. No entanto, esta é uma situação temporária. Digamos que estou agora a meio da minha estadia neste país. Talvez sejam estes os motivos da enorme necessidade que eu sinto de estar informado sobre o que se passa em Portugal. Essa necessidade obriga-me a permanecer em frente ao computador mais tempo do que aquele que seria necessário para o exercício da minha profissão. Mas só assim posso manter o contacto audiovisual com os portugueses que me são mais próximos e queridos. Só assim posso ler jornais portugueses e assistir ao Telejornal. São horas que valem a pena. Já o eram antes de eu descobrir a blogosfera.
Esta decoberta veio aumentar um pouco mais o tempo que passo à frente do computador. Mas são minutos extremamente enriquecedores. Não é possível acompanhar as opinões dos mais de 1600 bloggers nacionais, mas o "pequeno" grupo de blogs que consta da lista que está à esquerda deste texto já me permite ter a sensação de estar em Portugal a participar numa conversa entre pessoas informadas e com algo interessante a dizer. É verdade que, à primeira vista, esta conversa parece ser confusa. "Falam" todos ao mesmo "tempo" e sobre os assuntos mais diversos. Quando uns falam de si, outros falam dos outros. Quando uns falam do tempo, outros falam de futebol. Quando uns falam de política nacional, outros falam de política internacional. Quando uns falam de literatura, outros falam de filosofia. Enfim, todos falam de tudo mas a conversa até nem é nada confusa. Isto só é possível por se tratar de uma conversa escrita em que somos obrigados a ler um blog de cada vez. Podemos seguir o fio condutor da conversa em que participam os vários blogs através das referências que fazem uns aos outros.
Depois de acompanharmos alguns dias de debate bloguístico (espero ser perdoado pelo abuso linguístico) sobre determinado assunto, ficamos sem dúvida mais esclarecidos. Circula de facto mais informação na blogosfera do que nos orgãos de comunicação social tradicionais. Mas mesmo assim, penso que os bloggers nacionais (e incluo-me nesse grupo) ainda podiam ir mais longe na análise dos temas que debatem (principalmente no que se refere aos temas nacionais). A blogosfera é, para mim, o meio ideal para analisar a actualidade nacional através de uns "nicely polished looking-glass", como escreveu James Joyce relativamente ao seu livro Dubliners. Compreendo no entanto que exista algum pudor por parte dos bloggers que assumem a sua identidade, os quais admiro verdadeiramente pela coragem demonstrada.
Um "web log" é, por definição, um diário ou um caderno de registos que está disponível na rede. Eu nunca escrevi um diário, nunca registei os acontecimentos da minha vida (com excepção dos acontecimentos de interesse curricular) e nunca tive vontade de o fazer. No entanto, a possibilidade de registar acontecimentos pessoais ou opiniões sobre o mundo que me rodeia num diário aberto já me interessa bastante. É uma excelente forma de vencer distâncias e fazer chegar a minha "voz" àqueles que estão em Portugal e com os quais apenas contacto alguns minutos por dia. Ao mesmo tempo, tenho a possibilidade de comunicar com pessoas que não conheço mas sei que existem quando olho para o contador de visitas. Penso que é o facto de desconhecer a maioria das pessoas que lêem O Carimbo que me leva a permanecer anónimo. Desta forma sinto-me mais livre para escrever o que me apetecer, embore acabe por me conter sempre nas minhas afirmações. Deve ser feitio.
Até aqui referi-me apenas às vantagens da blogosfera, mas isso não significa que não identifique alguns vícios neste mundo virtual. Eles existem e assemelham-se àqueles que encontramos no mundo real (das pessoas). A blogosfera é hoje uma comunidade em rápida expansão e isso torna impossível que todos se conheçam (ainda que apenas virtualmente). A tendência para a criação de grupos (ou classes) de blogs é muito forte (creio até que é inevitável). Essas classes tenderão a ser formadas por grupos de amigos, colegas ou simplesmente conhecidos (que também o sejam no mundo real). Isso já se passa hoje com os blogs mais citados e famosos (os quais me parecem ser mantidos por pessoas que se conhecem). Receio que se venha a assistir a algum autismo (ainda que involuntário) por parte de cada grupo de blogs relativamente à restante comunidade virtual. Quando isso acontecer, a blogosfera será demasiado parecida com a sociedade real e apenas meia dúzia de blogs serão lidos por todos (funcionarão como um orgão de comunicação social).
Uma vez que o objectivo essencial de um blog é, do meu ponto de vista, comunicar, receio que a constatação da incapacidade de fazer chegar os nossos posts a um número de pessoas superior àquelas que conhecemos conduza à desilusão de muitos bloggers e à consequente "morte" do respectivo blog. Numa situação como esta, o blogger será pouco mais do que alguém que escreve para si num simples diário. Já li um blog (não me lembro qual) que justificava esta situação com as teorias Darwinianas da evolução natural das espécies, a qual é caracterizada por uma competição em que só os melhores sobrevivem. Nalguns casos talvez seja assim, mas na maioria deles o factor condicionante será o facto de ser conhecido de X ou Y e de, por essa via, poder pertencer a determinado grupo W ou Z (tal como na sociedade real).
Quanto ao Carimbo, estou convencido que se manterá ainda por um largo período de tempo independentemente de vir a ser integrado num grupo de blogs ou de ter muitos ou poucos leitores. Já há muitos anos que eu não escrevia apenas pelo simples prazer de escrever. Recordo agora com mais saudade os bons tempos passados na "redacção" do jornal do "meu" Liceu. O Carimbo tem preenchido muito bem esse vazio. É por isto que pertenço à blogosfera. Não é o facto de achar que ela também tem defeitos que faz mim um prosélito (para usar uma palavra da preferência de Francisco José Viegas).
Depois de reler este texto, concluo que falei muito de mim. Nunca pensei ser tão umbiguista.

Autor: ANS, O Carimbador
Local: Blogue - O Carimbo
Data: 3 de Agosto de 2003
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33. Alberto Gonçalves, colunista do Correio da Manhã e recém-chegado à blogosfera por meio do seu blogue, Homem a Dias, dedicou uma breve observação ao mundo dos blogues num post intitulado Amizades Perigosas.

Salvo excepções, não temos comentadores, temos mensageiros, que passam recados nas páginas dedicadas ao efeito, exaltando compinchas, zurzindo desafectos. Nem vale a pena mencionar o espartilho partidário: Lisboa é pequena e provinciana (o Porto é pior), os restaurantes de jeito escasseiam e os bares em voga, por definição, são poucos. Toda a gente se roça mútua e publicamente aqui e ali. Antipatiza-se com uns, simpatiza-se com os restantes, não importa: o resultado é uma enviesada desgraça. Lembro-me de um «vulto» da crónica nacional a quem apetecia desancar Paulo Portas, mas que não o fazia «por ser amigo dele». A fidelidade ao amigo ficou-lhe bem; a profissão nem tanto. À semelhança do IRS dos políticos, aos cronistas deveria ser exigida e tornada pública a declaração anual de relações pessoais. Ao menos perceberíamos de quem se fala quando se fala da «grande promessa que o parlamento revelou» ou desse «ministro emocionalmente débil, tendencialmente autoritário e um acabado cabrão». Ou sim, ou sopas. Os blogues, Deus os guarde, começaram pelo «sim», mas alguns já arrastam a colher para as «sopas». É a arte de ser português.

Autor: Alberto Gonçalves
Local: Blogue - Homem a Dias
Data: 3 de Agosto de 2003
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sábado, agosto 02, 2003

32. Segunda entrada de Flor de Obsessão no Metablogue, que, em Primeira Pessoa, se debruça sobre as potencialidades e virtudes do uso, na bogosfera, de discursos de natureza confessional :

PRIMEIRA PESSOA: Hoje, pela primeira vez, pensei se será apropriado e justo usar os blogues para um discurso mais directo e confessional, precisamente o discurso que tenho seguido nos últimos tempos com maior insistência. Pus-me a pensar se a opção por esse tipo de discurso não pode ser prejudicial para a nossa própria identidade e para o dever que temos de a resguardar com algum pudor e reserva. Pus-me a pensar se os leitores que me conhecem não poderão ficar surpreendidos ou chocados com as coisas que escrevo ou com os temas que escolho. Quero, sobre este assunto, fazer algumas observações. Em primeiro lugar, porque é que eu escrevo mais sobre as minhas obsessões comportamentais e menos sobre os relatórios da CIA e a política externa da África do Sul? A razão é simples: parecem-me mais importantes aquelas obsessões do que estes últimos tópicos. Não sendo eu um jornalista profissional, não tenho que passar o dia a sorver notícias para poder escrever. Em matéria de provações, já me chega ter que estudar o conceito de acto administrativo na legislação oitocentista. Não me façam ouvir as conferências de imprensa do PCP, se fazem favor. Em segundo lugar, não creio que se possa tirar um retrato do que somos a partir do que escrevemos no blog e, em particular, do que eu escrevo neste blog. Não tenhamos ilusões: ninguém conhece uma pessoa a partir de um blog, tal como ninguém conhece um escritor a partir do que ele escreve. É verdade que se pode ter uma ideia ou um retrato aproximado. Quando eu escrevo admirativamente sobre o fracasso, estou a dizer que o fracasso me perturba e fascina; mas não estou a declarar ao mundo que, no fim de contas, sou um grande fracassado. Quando digo que a «cidade tresanda a sexo», estou a comunicar-vos, abstractamente, que, em certos momentos e em certas zonas, há uma disposição para o sexo que descreve toda uma civilização e pode assustar todo o espírito sensível. Não estou, porém, a dizer que ando a farejar sexo por todo o lado ou que possuo graves recalcamentos sexuais. É absurdo dizer que existem blogues de gente bem-comportada e de gente com um parafuso a menos; é precipitado afirmar que existem blogues de pessoas solteiras e blogues de pessoas casadas. Em terceiro lugar, aos 26 anos de idade, não tenho francamente que me preocupar se o que escrevo pode arruinar a minha reputação ou impedir-me de ser eleito nas presidenciais de 2030. Escrevo o que quero, com a liberdade que quero e só me refreio quando sinto que um ou outro apontamento pode ferir as pessoas que mais prezo. Quando isto acontece, sou o primeiro a retratar-me. Mas em privado. Quando escrevo num tom mais confessional, quando abordo assuntos mais perigosos ou improváveis, quero expressar coisas muito simples, coisas que conheço bem: a complexidade da vida urbana, a dificuldade das relações humanas, a linguagem própria, instável, quase inacessível da vida amorosa. Estes são os temas que põem a minha a cabeça a tremelicar. Deixo a deflação para os especialistas. Não estou aqui para me esconder mas quero dizer-vos que não estou também aqui para expor coisas e realidades que dizem respeito a terceiras pessoas. Não confundamos. Falo muito de mim neste blog, muito dos fantasmas que atravessam a minha cabeça, mas falo muito pouco sobre a minha vida privada porque a minha vida privada não é só minha. Repito: é um erro acharmos que conhecemos uma pessoa por aquilo que ela escreve e, sobretudo, é um erro avaliar ou julgar uma pessoa por aquilo que ela escreve. Por último, há a minha concepção da literatura. Eu acredito, ao contrário de alguns, que os blogues estão cada vez mais literários porque os blogues nascem de um impulso ferozmente individualista que só pode ser um impulso literário. Basta dar uma volta pela blogosfera. Desenganem-se: não existem neste mundo mil candidatos a comentadores políticos. A literatura ou a vontade de literatura, estão, simplesmente, em todo o lado. Gosto de riscos, gosto de escritores que dizem tudo (Beckett, Brodkey, Pavese), gosto de humaníssimas fragilidades, gosto das agruras da nossa condição, gosto da primeira pessoa. Dentro de certos limites, e das minhas limitações, procuro aqui fazer o mesmo.

Autor: Pedro Lomba
Local: Blogue - Flor de Obsessão
Data: 29 de Julho de 2003


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sexta-feira, agosto 01, 2003

31. Crawford Kilian, escritor de origem norte-americana, desenvolveu no seu blogue, Writing for the Web, uma tipologia de géneros de blogues, num post intitulado Metablogging.... Kilian distingue, primacialmente, cinco tipos de blogues: «introvert blogs»; «extrovert blogs»; «job blogs»; «specialist blogs» e «advocacy blogs» (via Jornalismo e Comunicação).

Metablogging...
...that is, talking about blogging instead of actually doing it.

I've been visiting lots of blogs in the past few months, some of them repeatedly. It's fascinating to see the conventions emerging in the different genres.

The major genre might be called the introvert blog--it's all about the author's personal life. One of the striking aspects of this genre is the author's denigration of himself: the blog is purported to be "chaos," "random," "neurotic," and generally reflective of a failed life.

The content bears this out; posts are often highly self-critical, describing work not done, tests flunked, relationships failed. Even long gaps in the blogging record require mention and apology. Against this background, occasional highlights appear: a wonderful concert attended, a happy dinner with family, a new job. No need to single out any examples; they're all over the blogosphere.

The audience for such blogs consists, I'd guess, of the author and a small number of friends, who will sometimes post encouraging responses. The Book of Job somehow springs to mind.

Another kind of personal record is in the extrovert blog, in which the author pays more attention to the surroundings. A great example is Big White Guy in Hong Kong, a Canadian expat's funny and opinionated view of life in his adopted city.

Another genre is the job blog, in which the focus is on events at work. Depending on your interest in the job, this can be boring or fascinating. One of my favourites in this genre is Oh Jen Jen's It's a Zoo Out There. She's a medical officer at Changi General Hospital in Singapore. This spring her blog was a mesmerizing narrative of the hospital's struggle to contain SARS--a struggle that cost the lives of several admired colleagues. Dr. Oh's blog is clearly aimed at her colleagues, but during the height of the SARS outbreak she was being read around the world. Now she's back to routine emergency-room problems and talking about her favourite TV programs.

The specialist blog can be a variant of the job blog, but the specialty may be just one aspect of the job, or a hobby. The specialist is clearly speaking to colleagues, comfortable with a technical vocabulary that may baffle outsiders. Emphasis here is often more on the audience than on the author, with plenty of links to other specialist sites. This site and Writing Fiction are examples; I try to provide a convenient spot to get a lot of information on the subject. (Writing Fiction will, I hope, expand considerably over the next few weeks.)

A good example of a specialist blogger is Clay Shirky, who writes some very interesting and thoughtful material about Internet communications issues.

Here's one interesting difference between most blogs and introvert blogs: the introvert blogs tend to run long, long paragraphs, while the others tend to present short posts or at least long posts broken up into very short paragraphs.

I suspect that's because the non-introvert blogs are aimed more at the reader, and the author realizes (instinctively or not) that long paragraphs are hard to read on a computer screen. For the same reason, introvert blogs often have designs that make them hard to read--greyish text, for example, on a dark background. The readership is less important here than providing a blog that mirrors the author's feelings.

Advocacy blogs interest me a lot; I first got into blogging by visiting news and advocacy blogs in the run-up to the Iraq War. Advocacy blogs tend to be one-sided (here's my opinion and here are the blogs that agree with me), but a few do invite visitors to check out the evil blogs of the opposition. In any case, they offer a useful service by gathering news stories (and blog posts) from a host of sources and putting them all in one spot.

A good place to get a wide range of advocacy blogs is The Agonist, a Texas-based newsgathering site that offers frequent updates plus a long list of blogs ranging right across the (American) political spectrum.

I guess it's clear that my own tastes don't run to introvert blogs, but this is not to dismiss them as somehow inferior to other genres. If anything, it reflects poorly on me that I feel so little sympathy with the publicly unhappy folks who write them.

Whatever the genre, much of the writing in the blog world is pretty bad. But I hope and believe that it will improve as bloggers become more comfortable with the medium and with the conventions of their preferred genres. Bloggers will try to emulate the writers they admire, and to distance themselves from the bad writers. In science fiction, Sturgeon's Law decrees that "Ninety percent of science fiction (and everything else) is junk." We can strive to reduce blogjunk to a somewhat smaller percentage.

Autor: Crawford Kilian
Local: Blogue - Writing for the Web
Data: 30 de Julho de 2003

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